A morte de corais significa problemas para a pesca, para o turismo e riscos maiores de tempestade nas áreas costeiras. Os recordes de calor estão tendo efeito devastador nos mares.
Nunca na história tantos corais no mundo todo perderam a cor por causa do aquecimento da água dos oceanos. Pelo menos 54 países em todas as regiões do planeta têm corais passando pelo que a ciência chama de branqueamento severo.
A morte de corais significa problemas para a pesca, para o turismo e riscos maiores de tempestade nas áreas costeiras. Os recordes de calor que vivemos desde o ano passado ainda estão tendo efeito devastador nos mares. Os quatro primeiros meses de 2024 estão sendo o período mais quente para os oceanos de toda a história.
Um mapa exibido no Fantástico deste domingo (21) mostra o calor se intensificando desde janeiro em praticamente todo o mundo. Quanto mais escuro, mais quente, e maior o impacto sobre os corais. E a previsão é de que continue esquentando nas próximas semanas (veja as imagens no vídeo acima).
Sob as águas, a morte silenciosa dos recifes de coral. A temperatura média da água, que deveria estar em 27 graus, está em 31. Nas horas mais quentes do dia, bate 34. As manchas mais claras são corais que estão com branqueamento.
“A gente testemunhar o ecossistema que a gente estuda, que a gente trabalha para conservar, definhando assim diante dos nossos olhos é realmente bem triste, bem impactante”, diz Guilherme Longo, professor de oceanografia da UFRN.
Guilherme faz parte da maior rede de monitoramento de branqueamento de corais do planeta, que vai do Ceará até Santa Catarina.
Dos vinte pontos monitorados pelo Instituto Coral Vivo e parceiros, 17 já tem branqueamento. Desses, em 10 a situação é muito grave.
Os corais, junto com outros organismos, formam barreiras, que são os recifes. Eles têm estrutura de calcário, e vivem em parceria com micro algas, chamadas de zooxantelas. Abrigadas no coral, as algas tem proteção. E, em troca, além de dar cor, entregam o excesso de energia que produzem ao fazer fotossíntese.
Só que quando a água fica muito quente e por muito tempo, as algas começam a produzir uma substância — tipo água oxigenada — que é tóxica para o coral. Ele então expulsa suas hóspedes. Sem as algas, fica branco e não consegue se alimentar dessa forma.
Corais existem há milhões de anos. Já passaram por mudanças no clima, mas nunca tão rápidas e drásticas como a provocada por nós. A primeira onda planetária de branqueamento foi há apenas 26 anos. E já estamos na quarta e mais grave.